Quando Kaitlin Slepian estava no último ano do ensino médio, ela tinha um desejo comum: ir ao baile de formatura. Mas circunstâncias extraordinariamente difíceis a impediram: Kaitlin havia sido diagnosticada recentemente com cordoma, e o cronograma de seu tratamento no Massachusetts General Hospital, longe de sua cidade natal, no Arizona, tornaria impraticável sua participação no marco mais importante da adolescência.
"Lembro-me de ter chorado no consultório do médico, sentindo muita tristeza ao pensar em perder o baile", diz Kaitlin. "Eu achava que meu tratamento tinha que vir antes de qualquer um dos meus desejos." Mas uma das especialistas em vida infantil de Kaitlin - uma profissão voltada para a melhoria da qualidade de vida de jovens e suas famílias que lidam com câncer ou outros problemas de saúde - ajudou a mudar sua perspectiva. "Ela ouviu minha dor. E me capacitou a defender meus interesses", diz Kaitlin. Com a especialista em vida infantil ao seu lado, Kaitlin e seu pai perguntaram aos médicos se eles poderiam atender a essa necessidade. O pedido foi bem-sucedido: Kaitlin não só participou do baile daquele ano, como também foi coroada rainha.
Agora, há quatro anos livre do câncer, Kaitlin considera seus especialistas em vida infantil como um dos membros mais prestativos de sua equipe de atendimento. "Embora toda a minha equipe de saúde tenha sido maravilhosa, foram os especialistas em vida infantil que me ajudaram a me sentir como uma pessoa completa. Eles não estão lá para tirar seu sangue ou perguntar o que você comeu naquele dia. Eles estão ao seu lado para ouvir e entender você. Especialmente na adolescência, foi muito útil ter alguém que ouvisse o que eu sentia que estava perdendo", diz ela.
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Hoje, Kaitlin está de volta a Boston, alcançando outro marco. Impulsionada por sua gratidão duradoura por seus especialistas em vida infantil, ela começou um programa de mestrado para lançar sua própria carreira nesse campo. "Minha jornada com o cordoma me deu um senso de dever. Quero retribuir parte do apoio emocional que recebi e que foi tão benéfico", diz ela.
Kaitlin está confiante de que sua experiência como paciente com cordoma a ajudará a se conectar com os pacientes e as famílias que ela atende no futuro. "Saber como é enfrentar um diagnóstico de câncer traz uma perspectiva única. Sinto uma atração por trabalhar com crianças doentes e me sinto bem por ter escolhido uma carreira com um propósito tão forte."
Ela também espera passar adiante algumas das habilidades de enfrentamento que aprendeu nos anos que se seguiram ao seu diagnóstico. Uma de suas ferramentas favoritas para aliviar o estresse é um exercício de visualização: "Eu vou para o Havaí em minha mente e tento imergir todos os meus cinco sentidos, como imaginar uma brisa quente e o som das risadas das minhas irmãs por perto. Isso me ajuda quando as lembranças traumáticas e os "e se" sobre o futuro começam a aparecer", diz ela.
Kaitlin também dá crédito ao seu terapeuta por ajudá-la a lidar com a transição de paciente para sobrevivente. "A terapia tem sido monumental", diz ela. "Eu tinha muita raiva, muito 'por que eu'. Eu só queria olhar para frente, para o dia em que o câncer não controlasse mais a minha vida." Ela aponta para um equívoco comum "de que quando você termina o tratamento do câncer, você está acabado e volta para a vida cotidiana. Mas, para mim, os primeiros anos de sobrevivência foram mais desafiadores do que os tratamentos em si", diz ela. "Tive que me reconstruir muito".
Kaitlin também se recorda de muitas lembranças boas desse período de sua vida. "Quando reflito sobre isso, o que mais se destaca são as pessoas que me apoiaram, especialmente meus pais, que cumpriram seu papel de cuidadores de uma maneira incrível."
E, no final, ela diz: "Sinto que tudo aconteceu comigo por um motivo e me levou até onde estou hoje. Minhas experiências me moldaram para sempre e estou animada para usá-las para ajudar outras pessoas".